Aulino, um nordestino com jeito de gaúcho e coração uruguaianense

Até no telefone, sua ligação com Deus é forte

O celular toca. A saudação deveria ser um simples alô. Deveria. Se fosse uma pessoa comum. Não é.
“-Jesus te ama, bom dia”, diz a voz do homem que veio do nordeste para o sul do país buscando se inserir ainda mais nos caminhos de Deus.
Dessa forma, o pastor titular da Igreja Evangélica Batista Nova Canaã, no Bairro Cabo Luiz Quevedo atende a todos aqueles que lhe buscam através do telefone. Com isso, fica bem clara a sua ligação direta com o evangelho. “Em nenhum momento desligo do trabalho evangelizador, sirvo Deus 24 horas por dia”, acrescenta.
Afinal de contas é tratando dessa forma os caminhos da religião que Aulino de Souza Filho, nordestino de nascimento, gaúcho por adoção e uruguaianense por convicção, consegue captar a atenção de todos que lhe buscam. E não são poucos.
Mesmo de folga, durante a entrevista que deu origem a essa reportagem, Aulino foi visitado por diversas pessoas, que ao longo do dia passam pela Igreja e vêem na sua figura o retrato fiel de um representante de confiança.  Caso da dona de casa, Maria Iara Cabreira, que aos 44 anos, depois de sete filhos, achava que não daria mais à luz. Mas queria, entretanto não podia, segundo os médicos. Ao encontrar com dona Maria, o bispo Aulino profetizou que ela teria ainda mais um rebento. Passados alguns dias, a confirmação: Maria teria mais uma filha. Hoje com cinco meses de gestação, ela agradece as palavras de felicidade que o Bispo lhe trouxe num momento de desconfiança.
Às vésperas de completar 50 anos, Aulino, como todo bom migrante é calejado, preparado para enfrentar as dificuldades e os caminhos mais difíceis. Foi com essa convicção que veio para o Rio Grande do Sul, aqui constituiu família e se assentou como evangelizador.
Com quase 15 anos de ministério, o líder espiritual da Igreja Evangélica Batista Nova Canaã, vê com bons olhos o trabalho que vem crescendo dentro de sua comunidade evangélica. Até bem pouco tempo atrás moldada em um pequeno espaço físico. Hoje a denominação já pode se orgulhar de ter crescido e de atingir um espaço respeitável dentro da comunidade local. Tanto que guarda com orgulho a lembrança da presença ilustre do prefeito Sanchotene Felice e sua esposa, Elisabeth, durante atos religiosos em sua igreja há bem pouco tempo atrás.
Aulino é assim. Pronto para receber em seu reduto quaisquer pessoas e ouvir qualquer pedido. Mas também tem força e respeito para intervir em prol dos mais necessitados junto aos homens de poder.
Em seu dia-a-dia, Aulino deixa bem clara as suas ligações evangelizadoras, pois trata de seus deveres com a seriedade necessária, mas sempre aberto às novas idéias.
Não é à toa ou por acaso que sua igreja está sempre com intenso movimento de fiéis. Esse ar humilde alinhado a palavras sempre receptivas e a capacidade de trabalho, além de uma personalidade forte, atuante e inteligente constituem uma voz que se destaca na multidão.
Voz que cresce ainda mais em alcance quando reproduzida através das ondas da emissora de rádio que transmite o programa “Jesus Te Ama”, mantido pela Igreja Evangélica Batista Nova Canaã com duas horas de duração na 106.9 FM. “Além disso, nos enche de orgulho e nos contagia essa resposta positiva da comunidade”, garante Aulino.
O modo de falar, o jeito de vestir e a intimidade com a palavra dão-lhe um ar de autenticidade que deixam explícita a credibilidade que seus fiéis lhe confiam.
Aulino é mesmo assim. Parece e é. A primeira impressão é a que fica. Sério quando tem que ser. Sensível quando requisitado. Autêntico sempre. Capaz de estender a mão a quem lhe procura.  “Nunca digo não sem antes ouvir”, define.
 Um de seus sonhos é implantar a Faculdade de Teologia da Fronteira Oeste, o que segundo ele, auxiliaria ainda mais o trabalho evangelizador em nossa região. Integrante do Conselho de Ministros Evangélicos de Uruguaiana, Aulino busca concretizar esse sonho para auxiliar ainda mais a formação de evangelizadores com gabarito e qualidade. “A resposta a anseios é a nossa responsabilidade assumida”, define.

Deus, música e chimarrão: a marca de um culto que é só alegria

Marcelo Gaúcho é só alegria durante seu culto campeiro
Pois chegara então a hora do músico entregar seu destino a Deus. Já haviam transcorridos muitos anos de contato íntimo com o mundo pecador. Prazeres da carne, relação direta com os traços errantes de quem não destina momentos de reflexão e espiritualidade. A religiosidade era apenas uma lembrança remota das aulas da escola dominical ou dos tempos de estudante. O errante encaminhamento dos fatos poderia levá-lo a um ponto sem volta. Sem retorno. Sem direito a correção de erros.
O momento era aquele. Talvez não houvesse outro. Na dúvida, Deus mostrou a luz. E o músico obedeceu. Então eles se encontram. E o caminho das trevas se desfaz. Hoje, o homem ligado à poesia e aos acordes musicais é outro. Está feliz, destinando seu talento ao culto evangélico criado por ele mesmo. É o destino dando chance para que um ser humano refaça sua vida e auxilie, de quebra, o traço acertado para que outras vidas conheçam a rota da luminosidade inerente às almas de bem com o Senhor.
O rumo de Marcelo Gaúcho era errante. Ele era infeliz, mas não percebia que o seu destino poderia lhe pregar uma peça ainda mais destruidora e isso seria uma péssima e derradeira escolha. Foi aí, que tudo começou a mudar. Ele, que era um músico com largo trânsito entre os principais artistas e integrantes de grupos de renome no tradicionalismo, resolveu mudar de vida e dedicar-se aos preceitos evangélicos, com direito a tonalidade marcante de seu talento. Até por que talento não se desperdiça se aproveita para levar a palavra de Deus, aos mais diversos homens em recantos com DNA evangélico.
Dessa forma surgia uma “figuraça” entre as denominações relacionadas aos evangélicos. A de Marcelo Gaúcho, um homem que hoje tem em sua vertente artística uma obra dedicada integralmente a Deus. Com melodia típica dos pampas ele proporciona um verdadeiro show ao mundo evangélico que o acompanha em suas apresentações pelas mais variadas denominações por onde quer que ele se encontre. Sempre a convite.
Dono de um jeito simples, autêntico e, acima de tudo, dinâmico, o espetáculo dele cativa pela participação da platéia que o assiste e o aplaude. E em alguns momentos também é aplaudida. Além disso, em determinados momentos da “festa de evangelização”, os participantes ainda ensaiam passos de dança, uns mais contidos, outros nem tanto.
Um misto de tudo pode ser visto durante as duas horas de duração do Culto Evangélico, criação do próprio Marcelo Gaúcho. Desde homenagens aos aniversariantes, hinos diversos, sorteios de brindes com louvores evangélicos e composições com a temática de louvor a Deus compõem o quadro, uma espécie de programa de auditório apresentado pelas rádios nas décadas de 40/50/60.
Esse movimento, que parece novidade, mas não é, ressurgiu em 2010 e virou moda entre as igrejas mais abertas aos novos tempos. Marcelo Gaúcho tem agenda cheia. Por conta de suas características principais: alegria contagiante, sorriso aberto e dedicação integral aos preceitos de Deus, Ah. E é claro, talento especial para desenvolver a junção de tudo o que já foi descrito sobre o Culto Campeiro até aqui.

Mudança de ritmo e de vida
“Pude perceber que não eram os aplausos, status ou dinheiro que poderiam me trazer a felicidade. Ao mesmo tempo em que tinha tudo isso, eu mantinha um vazio em minha vida”, explica. No momento em que conheceu o evangelho, sua vida teve uma guinada de 360º. Hoje ele tem por objetivo adorar a Deus através dos louvores e de uma forma bem musical bem sua, tocando vanerões, xotes ou bugios. Ao mesmo tempo em que sabia que seu contato com o Senhor seria recompensador, tinha uma dúvida. “Será que terei que tirar as botas e bombachas e colocar uma calça e sapatos sociais para adorar a Deus?”, se perguntava. Essa era a imagem que tinha do povo evangélico. “Mas era diferente e eu estava enganado. A gente pode adorar a Deus de várias maneiras, formas ou ritmo musical. Essa foi uma lição que aprendi e que me tornou outro homem”, garante.  “Colocar Ele em primeiro lugar é a mensagem principal”, defende.
Essa é a marca do Culto Campeiro. Louva-se a Deus em primeiro lugar, mas também as tradições do Rio Grande do Sul podem ser desenvolvidas ao longo do contexto. “Independente da situação em que se encontrar a tua vida, existe uma esperança e uma solução e alguém que nos ama. Basta abrir o coração para Jesus que Ele se encarrega de operar as modificações necessárias que a nossa vida pede”, ensina.
Marcelo Gaúcho tem uma expressão registrada onde quer que se apresente. A marca deixada pela depressão já é coisa do passado. Hoje, ele se encarrega de levar a palavra de Deus e a sua mensagem como artista do Senhor. Felicidade é o que ele quer transmitir. E consegue. No final do Culto, todos estão com o semblante descontraído. Marca fiel de um show que é só alegria

Jornalista Everaldo Jacques / Especial